sábado, 23 de abril de 2011

Conhecendo a Bahia - História

A história da Bahia se confunde com a própria história do país. Em Porto Seguro, no Extremo Sul da Bahia, no ano de 1500, o Brasil foi descoberto com a chegada dos portugueses e a celebração da primeira missa, em Coroa Vermelha, por frei Henrique Soares de Coimbra. Nesses cinco séculos de muitas histórias, a Bahia foi palco de invasões, como a Holandesa, das guerras pela Independência, e de conflitos e revoltas, como a Sabinada e a dos Malês.
No século XVI, a Bahia foi movida pela economia do pau-brasil e da cana-de-açúcar, seguida pelo ciclo do ouro e do diamante. A fase áurea da cana-de-açúcar, inclusive, proporcionou o surgimento da nobreza colonial, provocando um aumento populacional e também financeiro, principalmente na capital, o que pode ser comprovado pelas construções das principais igrejas da cidade, como a de São Francisco, a igreja de ouro, a venerável Ordem Terceira de São Francisco, com fachada em barroco espanhol, e a Catedral Basílica, onde está o túmulo de Mem de Sá, o terceiro governador-geral do Brasil, e a cela onde morreu o padre Antônio Vieira.

Descobrimento do Brasil

   O descobrimento do Brasil foi resultado da expansão colonialista europeia. No ano de 1500, em março, uma esquadra portuguesa comandada pelo fidalgo Pedro Álvares Cabral, viajando para a Índia, desviou-se de sua rota. Seguindo sinais de terra próxima, no entardecer do dia 22 de abril, atingiu um ponto do litoral sul do atual estado da Bahia. Em 24 de abril, as esquadras comandadas por Cabral velejaram à procura de um melhor porto para ancorar seus navios. Encontraram um “muito bom e seguro” no local denominado hoje de Baía Cabrália.
   A primeira missa foi celebrada no dia 26, num domingo, pelo frei Henrique Soares Coimbra, franciscano que ia para a Índia, no ilhéu Coroa Vermelha. No dia seguinte, foi cortada a primeira madeira com que se fez uma cruz para ser celebrada a segunda missa, em 1º de maio. No mesmo dia, Cabral partia para Índia, enquanto outro fidalgo, Gaspar de Lemos, seguia para Lisboa, levando a noticia do descobrimento para o rei de Portugal, Dom Manuel I. Na terra, chamada por Cabral de Vera Cruz, ficaram dois homens para se entender com os nativos.
    Em 1501, os portugueses organizaram uma nova expedição, desta vez de reconhecimento à terra descoberta no ano anterior. Pilotada pelo navegador florentino Américo Vespúcio, a esquadra portuguesa chega em 1º de novembro a um grande golfo, a Baía de Todos-os-Santos. Dessa  viagem,  Vespúcio somente deu noticias pormenorizadas em 1504.

Povoamento


   O vasto território da Bahia foi lentamente povoado com contribuição de três grupos humanos: o índio (nativo), o negro (africano) e o branco (europeu). O índio já se encontrava aqui.O africano e o europeu foram trazidos para as atividades de colonização. Talvez seja exatamente esta mistura de raças, tão peculiar à Bahia, que provocou o misticismo que caracteriza o estado.
    A miscigenação das raças deu origem aos mestiços. Do africano e português surgiu o mulato. Do índio com o português, o mameluco ou caboclo, e do africano com o índio, o cafuzo. Ainda assim, cada um desses três grupos deixou colorido próprio na formação baiana, contribuindo principalmente na cultura da terra, que é muito rica de componentes desses três elementos.

Capitanias hereditárias

A Bahia foi descoberta no período em que o comércio com os portos índicos era bastante compensador para Portugal. Desta forma, o Reino não tinha motivos para dedicar muita atenção a sua nova colônia. Somente depois de atravessar uma grave crise financeira e verificar incursões dos franceses no litoral brasileiro é que os portugueses sentiram a necessidade de tomar posse da nova terra. Aconselhado, D. João III decidiu dividir a colônia, doando-a sob forma de capitanias hereditárias. No território da Bahia foram doadas cinco: Capitania da Bahia de Todos os Santos, a Francisco Pereira Coutinho; de Porto Seguro, a Pero de Campos Tourinho; de Ilhéus, a Jorge de Figueiredo Correia; de Itaparica, ao 1º Conde de Castanheira, Dom Antônio de Athaíde; e a do Recôncavo, a Álvaro da Costa.
    Com a necessidade de se criar um centro político e administrativo capaz de congregar todas as capitanias, foi instituído, em 1549, o governo geral. Assim, em 29 de março, aportou na Baía de Todos- os- Santos o primeiro governador-geral, o fidalgo português Tomé de Sousa. Além de colonos e subalternos da Coroa, Tomé de Sousa conduzia os seis primeiros religiosos da Companhia de Jesus, chefiados pelo padre Manoel da Nobrega.  Logo depois foi criado o primeiro bispado da colônia, ocupado por dom Pero Fernandes Sardinha.
    Em 1553, chega, para substituir Tomé de Sousa, Duarte da Costa. Ele trouxe em sua comitiva mais alguns jesuitas, dentre eles José de Anchieta. Mem de Sá substituiu Duarte da Costa. Seu governo foi marcado pela harmonia com a Igreja, ao contrário do seu antecessor. Até a invasão holandesa, mais 12 portugueses governaram o Brasil, cuja sede era a Bahia.

Invasão holandesa

   Depois de se desligar do domínio espanhol, a Holanda necessitava de colônias ou de produtos das colônias tropicais para sobreviver. A Bahia foi escolhida para a primeira grande invasão. Era então  governador-geral da colônia D. Diogo Mendonça Furtado. Preocupado com o despreparo bélico do Brasil, Mendonça Furtado entrou em choque com a Igreja, que não via necessidade de preocupações militares. Mesmo assim, os holandeses não tiveram muitos problemas para tomar a cidade.
    Em 09 de maio de 1624, a esquadra holandesa, sob o comando de Jacob Willekens, aportou no Farol da Barra. Após alvejar os canhões da Ponta do Padrão, os 3.400 homens que compunham a esquadra holandesa não levaram muito tempo para render o governador-geral, que foi aprisionado na chamada Casa dos Governadores. A permanência dos holandeses em terras baianas, no entanto, foi curta. Em 27 de março de 1625, a esquadra de reforço portuguesa, comandada pelo espanhol D. Fradique de Toledo Osório, chegou a terras baianas. Foram mais de 40 dias de batalha e, em 1º de maio, houve a primeira rendição.
    Outras tentativas de invasão dos holandeses foram registradas na Bahia, mas nenhuma delas foi bem sucedida. A Bahia ficou como o centro da luta pela expulsão dos holandeses, que chegaram a ocupar Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Conjuração dos Alfaiates

    No fim do século XVIII, a Bahia era um dos principais núcleos coloniais do Brasil, com sua economia voltada para o mercado exterior e toda baseada no trabalho escravo. Os reflexos da vitoriosa Revolução Francesa chegavam à Bahia e os livros de Voltaire, Montesquieu e Rosseau, que estavam proibidos por leis severíssimas, colocavam em evidência as novas ideias de estado republicano e democrático, baseado na maioria da Nação, com respeito às liberdades humanas e princípio de igualdade de todas as pessoas perante a lei.
    Ao redor desses ideais revolucionários formou-se um grupo de baianos que pensava na fundação de uma república representativa, onde os líderes do povo seriam eleitos e sob a qual existiria a igualdade. Esses revolucionários baianos de 1798, como os de Minas Gerais, de 1789, ainda estavam em fase de conversas, quando foram descobertos. Editaram apenas dois boletins. Foram presos e condenados à morte.

Abertura dos portos


Pressionados pela França e Inglaterra, que brigavam entre si e disputavam o apoio de Portugal, o príncipe regente D. João transferiu a sede do governo lusitano para o Brasil. Em 22 de janeiro de 1808, D. João desembarcava na Bahia com a família real, depois de uma tempestade que obrigou parte da esquadra a desviar sua rota original. Junto com as comemorações da cidade para homenagear a família real, homens de comércio e senhores de engenho solicitaram do então príncipe regente a abertura do porto da Bahia para a entrada de navios de outras nações. Ainda na Bahia, D. João, atendendo ao pedido do médico José Correia Picanço, concordou com a criação de uma Escola de Cirurgia, que originou a famosa Faculdade de Medicina da Bahia.

Independência


    Os movimentos de insatisfação com a condição de colônia e reino que o Brasil mantinha ao longo de sua história começaram a ser deflagrados em 1817. Mesmo com a brutal repressão ao movimento de Conjuração dos Alfaiates e com a chamada Revolução de 1817, uma nova onda revolucionária surgia em Portugal, e, em 1821, a revolução constitucionalista chegava ao Brasil. Dela resultou a decisão de incluir deputados brasileiros para representar a colônia nas discussões da futura Carta Constitucional. Foram eleitos no dia 03 de setembro de 1821 quatro baianos: José Lino Coutinho, Cipriano Barata, Domingos Borges de Barros e o padre Francisco Agostinho Gomes.
    Ainda assim, as insatisfações com a condição de colônia não sanaram e levaram o príncipe regente D. Pedro a negar obediência à Corte de Lisboa em janeiro de 1822, tornando-se assim ponto de apoio e união para o movimento pela independência. Porém, para controlar e dominar toda a região, o príncipe regente substituiu oficiais brasileiros por portugueses no comando das Armas. Para a Bahia foi designado o brigadeiro Inácio Madeira de Melo. Apontando incorreções no decreto de nomeação do brigadeiro, a Câmara recusou-o, negando-se dar posse ao novo comandante. A partir daí, houve choque entre portugueses e brasileiros. Os soldados lusos tomaram a cidade e praticaram muitos absurdos, como a invasão do Convento da Lapa, ocasião em que assassinaram a madre Joana Angélica, que defendeu a porta da clausura.
    Os baianos não aceitaram a perda da cidade, e começou então um período de intensa guerrilha urbana, culminando com um grande cerco a Salvador, no dia 02 de julho, data em que se comemora a Independência da Bahia.

Império

    Depois da Independência, uma nova divisão administrativa no Brasil deu à Bahia categoria de província do Império. Passava então a ser governada por um presidente nomeado. Alguns setores da opinião pública, no entanto, não escondiam o desagrado e a decepção que sentiram com o regime monárquico centralizador, instaurado após a Independência. Com isso, muitas manifestações foram registradas, a exemplo da chamada “Mata Maroto”. Ao saber da renúncia de D. Pedro I, a população passou a exigir também a expulsão dos portugueses. Os movimentos federalistas se expandiram e forçaram a adoção do Ato Adicional de 1834, que permitia maior autonomia às províncias. Outra manifestação que indica a instabilidade geral desse período foi a Cemiterada, que constituiu na quase destruição de um cemitério, onde hoje está o Campo Santo.
    Esperava-se que o fim da monarquia só ocorresse após a morte de D. Pedro II, venerado como “sábio e homem bom”. Mas no conjunto de repetidas crises militares, os dois partidos, o Liberal e o Conservador, não conseguiram soluções para os problemas criados com o esfacelamento do sistema escravocrata. Precipita-se, então, o movimento republicano, e de 15 para 16 de novembro de 1889 foi proclamada a República dos Estados Unidos do Brasil, com total adesão da Bahia.

Fonte: Governo da Bahia

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